sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Mobilização de um Sistema de ROV - Workclass. O que é isso?


Iniciarei hoje uma breve descrição sobre algumas atividades correlacionadas à área de ROV, em específico.

Como alguns já conhecem, hoje falarei um pouco sobre a mobilização de 1 sistema de ROV workclass. 

 

Quando uma empresa adquire(compra) ou freta(aluga) uma embarcação, esta normalmente vem vazia. Por exemplo, poderia estar sendo usada para lançamento de âncoras, e agora vai passar a oferecer serviços de ROV, em hipótese real. Seu convés está vazio, e sua infraestrutura não está adequada às atividades inerentes ao ROV.

Muito há que se planejar, e o tempo é sempre um fator determinante.

Todas as etapas são importantes, e as iniciais serão fundamentais para que o contrato seja bem executado, sem aborrecimentos ao longo do mesmo. Há de ser feito um bom planejamento, com equipe multitarefa, conhecedora, tanto da parte contratual, quanto da parte operacional. 

Por exemplo, pode-se decidir pela aquisição de equipamentos seminovos. Estes possuem um preço muito mais acessível, porém, a longo prazo, pode se tornar uma cara armadilha. 

Não se sabe se os equipamentos foram armazenados em local próprio, longe da maresia. Não se sabe se as partes móveis, mecânicas e elétricas, estão em bom estado. Normalmente os pontos críticos são a parte hidráulica e eletrônica. Outro ponto crítico fundamental, é saber se este veículo adquirido vem com um conjunto de peças sobressalentes (Spare Parts). Caso não venha, será dífícil conseguir a bom preço, e toda a economia feita na aquisição inicial, se perderá ao curso do contrato, com aquisição de sobressalentes caros, e fundamentais para a execução de 1 contrato a longo prazo.

Por outro lado, ao se adquirir equipamentos novos, normalmente se faz com toda a garantia do fabricante( registrada em contrato), para que o fornecimento de spare parts não seja interrompido, enquanto houver a duração do contrato de parceria. Esta opção é mais cara, inicialmente, porém se mostra mais previsível e rentável, a longo prazo, por se diminuir a possibilidade de contratempos. Sistemas iguais e bem abastecidos, tem a tendência de durarem mais tempo sem dar problema, e com a garantia de substituição de peças críticas, que diminuem o terror do chamado "downtime" (tempo parado, do sistema, que gera multa contratual).

 

 

Além da aquisição do sistema, como descrito acima, devemos entender que a embarcação deve ter sua infraestrutura toda remodelada. Para citar apenas alguns itens:

- Avaliação da necessidade de aumento de carga elétrica, nos barramentos e disjuntores disponíveis;

- Substituição de todas as linhas: hidráulicas, elétricas, pneumáticas, TI;  e suas calhas de transporte;

- Infraestrutura de sustentação para colocação dos containers (Control Van, Workshop, Almoxarifado);

- Infraestrutura de sustentação para o sistema de lançamento A-Frame e Guincho.

 

Isto somente para comentar os pontos principais e fundamentais para o sistema começar a funcionar.

No meio desta árdua atividade, vários obstáculos aparecerão, e deverão ser superados. Por mais  detalhes que se tenha na fase de planejamento, a execução da mobilização, por sí só já é um grande desafio, onde diariamente encontramos dificuldades e detalhes não previstos. O atraso no cronograma inicial é algo que certamente acontecerá.

O grande dilema da economia de recursos x desperdício, estará sempre presente. A linha é muito tênue, pois quando se prevê um sistema muito enxuto, financeiramente, provavelmente este terá muitos contratempos ao longo do contrato, pois a execução das atividades requer um investimento vultoso, com retorno sempre a longo prazo.

Voltando ao lado operacional, normalmente as equipes à bordo trabalham juntas, normalmente no período diurno, para que o rendimento seja aumentado, em relação ao horário de luz do sol natural. A embarcação só sai para navegar se houver exigência de vistoria externa. Quando não há vistoria, fica parada em um estaleiro, para que possa receber as cargas de terra com maior eficiência e menor custo. 

Uma outra dificuldade que também se apresenta, é a existência de outras equipes, de empresas terceirizadas, fazendo outros serviços, ao mesmo tempo. Como exemplo, reforma e pintura da estrutura da embarcação, convés, e casario, modificação de alojamentos, conserto de ar condicionado, etc, etc. 

Acontecendo de forma contrária, também existe a desmobilização, onde a equipe da empresa tem a atividade de desmontar todo o sistema, para que a embarcação seja devolvida ao seu dono vazia. Normalmente acontece ao final do contrato, quando o mesmo não é renovado.

 

 

Enfim, procurei trazer apenas alguns detalhes desse tipo de serviço que muito se comenta, e que está sempre presente, dentro de uma embarcação. Em qualquer tipo de atividade offshore.

Até breve, onde comentarei sobre outras atividades.

Boa sorte a todos!